Quinze centímetros aproximadamente

Hoje houve um acidente onde trabalho. Um armário da cozinha daqueles presos na parede caiu, estava cheio de louça de cerâmica, talheres, champanhe, entre outras coisas cortantes. Eu estava exatamente em frente ao móvel, a cerca de 20 cm da bancada imediatamente em baixo. Tinha ligado a chaleira e ia fazer chá. Já tinha tocado à cerca de 4 minutos para a pausa da manhã, não tinha moedas para tirar um café na máquina, mas tinha um pacotinho de chá verde sensha e decidi ir fazer. Quando cheguei à cozinha estavam lá duas colegas minhas, cumprimentei-as com dois beijinhos, e liguei a chaleira que já tinha água. Não me lembro se falamos de alguma coisa, só de repente começar a cair tudo para cima de nós, correr para trás, puxar uma colega e tudo estava no chão, partido, na nossa frente. O móvel parecia ter ficado suspenso, estava inclinado para a frente, na nossa direção. Tínhamos uma porta de correr ao lado, saímos rapidamente antes que o móvel caísse para cima de nós. Mais tarde a minha chefe alertou-me que o móvel tinha ficado cravado na outra porta, e por isso é que não nos caíu em cima, ele não estava suspenso como eu pensei. Estava seguro pela porta. Onde eu estava a aquecer a água tinha as portas trancadas. Por isso eu não levei com nada em cima, se não, não sei se estaria tão "fina" como estou. Saí sem um arranhão, mas com uma grande adrenalina. Quando saí para a sala ao lado ainda tinha a embalagem do pacote de chá na mão, não o larguei durante um bom bocado. Dos nervos, não sabia bem o que dizer, pensava no meu chá por fazer já perdido no meio de tantos destroços, e no facto de eu não estar debaixo deles. O estrondo da louça a cair ainda ecoa, foi tão alto. Não pensei muito mas todos brincavam  (meio a sério) :"a sobrevivente" , "quase que era" disseram o dia todo. Como saí tão intacta nem me passou pela cabeça como poderia ter sido se simplesmente aquela porta não estivesse entreaberta aqueles 15 cm e tivesse feito de "trave" para segurar aquele móvel. Há quem acredite em sorte, eu acredito em Deus. Às vezes penso em todos os momentos que sou "salva" e nem sei. Naqueles dias que saí dois minutos mais tarde e por isso não me cruzei na estrada com um condutor mais distraído. Ou outras vezes em que eu mesma me distraio a conduzir e felizmente não aconteceu nada ... Há quem acredite em sorte. Mas eu acho isso tão "pobre" comparado a acreditar em Deus. Obrigada.

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