Sobre o amor.

Isto foi um desabafo, coisas que me passam pela cabeça quase diariamente, baseado em coisas que vou ouvindo e vendo todos os dias, quase um desespero por ver tanta falar de amor, tanto ódio, tanto egoísmo num mês que deveria ser sobre o amor numa pandemia onde a entreajuda deveria reinar, e só sinto pessoas a quererem mostrar o seu ponto de vista sem quererem ter a humildade de ver a dos outros. (eu incluída, sempre, sou a pior de todas.) 

Afinal o que é o amor? É tão difícil amar alguém. Não?

Amar não é um sentimento, não é gostar, não são borboletas na barriga e aquela excitação de se saber que vamos ver aquela pessoa que nos empolga de alguma maneira, Amor é um ato consciente, poder ser até um pouco distante e frio de tão racional que é. 

Deus diz-nos para amar o próximo e amar o próximo é duro e difícil, amar o próximo é olhar literalmente para qualquer pessoa na rua e colocar o seu bem estar ao mesmo nível do que o meu, ou na frente! 

Mas não só naquela pessoa que desconhecemos que passa por nós incógnita na rua, é o colega de turma que te roubou o lanche e ainda disse umas mentiras sobre ti, é aquela pessoa do teu trabalho que diz mal de ti aos teus colegas e na tua frente vem “lamber-te as botas”. É a tua vizinha de cabelo curto e anda sempre com uma rapariga para trás e para a frente, serão namoradas? É o senhor indiano na loja da frente a tua casa que agora até vende máscaras e que tu pensar que veio roubar emprego aos teus filhos. E pior, como amar aquela pessoa terrível no trânsito que só faz manobras perigosas, ultrapassa no risco continuo e vai estacionar mesmo no lugar onde ias parar o carro para ir buscar o teu filho à musica e agora tens de andar voltas e ainda tens de ir às compras e começas a ter uma revolta e ódio dentro e ti em vez de teres amor. E esqueces-te de que são pessoas, são como tu, tem vidas, tem família, trabalho e problemas, e estão na mesma luta que tu, sobreviver mais um dia. E não sabes mas o colega que te roubou o lanche mora com a avó porque a mãe saiu de casa e deixou o filho porque era um estorvo e a avó naquele dia ainda não tinha recebido o subsidio para lhe ir comprar o lanche,  e aquela pessoa que diz mal de ti no escritório tem uma auto estima tão baixa e esta deprimida e sente que só assim consegue ter alguém que lhe preste atenção. A tua vizinha? Viveu a vida toda com um sufoco dentro dela, era lésbica e não fala com a mãe há coisa de dois anos, quando não aguentou mais e teve de contar a quem a amava mais e mesmo assim foi rejeitada pela família, teve de arranjar novos amigos, e mudar de cidade. O senhor indiano teve de sair da terra dele, deixar a família dele lá e vir procurar uma nova oportunidade noutro lugar onde não fala a língua, onde não tem a mesma cultura nem o compreendem e olham de lado. 

Já experimentaste colocar-te no lugar de cada um deles? Ou limitas-te a julgar do lado de fora, à distância ( não vá pegar-se) nem pensar muito neles, se os ignorares é como se não existissem e se não existirem não precisas de os amar pois não?

“Ama o teu próximo como a ti mesmo”, o teu próximo é toda a gente.

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