Filhos, biológicos e adotados, é a mesma coisa?

Hoje vou abrir um pouco da minha alma aqui neste post. Há alguns anos que penso em adotar, não me lembro bem desde quando, mas sei que é pelo menos desde a minha adolescência. 

Um dia falei disto com um amigo muito próximo e ele disse-me: 
- "Acho que nunca iria amar um filho adotado como um biológico." 
Senti-me tão triste por ele e indignada também. Achei um sentimento TÃO injusto que pensei para mim: 
- Acho que nunca deverias adotar se esse é o teu pensamento ( já não me recordo se não lhe terei dito isso.) Achei que ele não merecia se quer adotar alguém, se o/a iria "tratar/ver" dessa forma tão pequena e mediocre.  

Se calhar muitas pessoas pensam assim, se calhar um dia pensei assim, não posso precisar, mas fico feliz por ter melhorado a minha visão sobre a adoção e espero que depois de lerem o que vos tenho para dizer possam ver com outros olhos.

Primeiro eu tenho de explicar como eu vejo o amor, (se já leram os meus outros posts já devem ter entendido) eu vejo-o como uma escolha, uma decisão. Por isso: 

- todas as mães decidem amar os seus filhos, muitas podem não ter consciência disso, podem achar que não uma escolha, que é instinto protetor, que é instinto humano/animal, mas eu vejo-o como uma escolha. Quando uma mulher engravida, ela escolhe que vai ser mãe daquele bebé, ou não. Independentemente se tem condições para o fazer. Por ser uma escolha, há mulheres que escolhem abortar, (isso não é de todo amor) ou dar o bebé para adoção, (pode ser uma forma de amor, depende da situação) e como vimos recentemente, até podem deixar o bebé num caixote de reciclagem num dia frio de outono. Posto isto, acho que perceberam o que quero dizer com: amar um filho biológico é uma escolha.

- acho que a partir daqui fica mais fácil entender que se escolhemos amar o filho biológico, podemos escolher igualmente amar o filho adotado. Fica mais fácil entender que quem quer adotar um filho, deseja-o mesmo muito, só a "trabalheira" que dá adotar só podem quere-lo muito, em contra-partida um filho biológico pode vir fora do timing, fora do desejo de ser-se pai, fora de tudo, um filho adotado é uma certeza tão grande. A primeira vez que ouvi isto foi numa pregação, onde o orador contou uma pequena história:  "uma vez uma menina na escola foi gozada por ser adotada, e ela respondeu, mas eu fui escolhida". E é mesmo isto. 

- "Ah e tal mas não do teu sangue": Uma comparação que faço é com o casamento: Um dia eu não conhecia o meu marido, não o amava, agora eu amo-o mais do que a todas as outras pessoas que conheço e tão pouco ele é do meu sangue e isso não diminui em nada o amor que tenho por ele. O sangue fala pouco para mim, e na Bíblia encontro o seguinte versículo:

..mas há um amigo mais chegado do que um irmão.  Provérbios 18:24

- Como cristã acredito na Bíblia e ela nos diz que fomos adotados, pelo próprio Deus! Que deu o sue único filho para morrer por mim, (adotada) Como poderei eu dizer que filhos adotados são menos amados/desejados/merecedores do que biológicos?

deixo-vos duas versões de um texto bíblico que se encontra na carta aos Efésios cap. 1 versículos 4 e 5:
Porque deus nos escolheu nEle antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, ... 

Pois, antes de o mundo existir, Ele escolheu-nos para juntamente com Cristo sermos santos e irrepreensíveis e vivermos diante dele em amor. Ele destinou-nos para sermos seus filhos por meio de Cristo, conforme era seu desejo e vontade,...  

Peço para que Deus me ajude a ver mais como Jesus, a amar o proximo como a mim mesma, isso inclui as crianças sem pais, que nada de mal fizeram e a única coisa que querem são uns pais que os amem, serão elas menos merecedoras de amor do que eu, tu ou outra pessoa no mundo?  Se eu quiser um filho e há tantas crianças que querem uma mãe... porque não juntar o útil ao agradável? O que nos impede? O medo do que os outros pensam? A rejeição da nossa família? Porque não explicarem-lhes isto? Para mim a única diferença entre um filho biológico e um não biológico é de onde ele nasceu, e isso não deveria implicar o amor que sentimos por ninguém. 

Disclosure: não sou mãe, um dia poderei vir a ser, pouco ou nada me importa como, se gerar uma vida pode ser uma experiência fascinante, ir resgatar uma vida de um orfanato parece-me igualmente fascinante e humano.

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